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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Os cientistas são capazes de clonar um dinossauro?

O filme "Jurassic Park", de 1993, não foi o primeiro a mostrar dinossauros no mundo moderno. Mas seu roteiro garantiu espaço na cultura popular para a idéia de clonar dinossauros. O filme retratava a clonagem de dinossauros de uma maneira que fazia sentido para muita gente e obteve imenso sucesso de bilheteria, com faturamento mundial superior a US$ 900 milhões [fonte: New York Times (em inglês)].

Dinosaur model
NORBERT MILLAUER/AFP/Getty Images
No momento, o mais próximo que as pessoas podem chegar de dinossauros realistas é nas telas de cinema. Fósseis e modelos em tamanho natural como este estão expostos no Dinosaur Park, leste da Alemanha.

"Jurassic Park" expandiu a idéia de extrair ADN (DNA em inglês) dos ventres de mosquitos preservados em âmbar. Embora isso pareça possível à primeira vista, é altamente improvável que cientistas encontrem em fósseis de mosquitos ADN de dinossauros utilizável. Os cientistas precisariam de um espécime muito específico - um mosquito fêmea que tivesse consumido muito sangue de dinossauro imediatamente antes de ser apanhado pela resina de uma árvore.Como a fossilização em âmbar é um acontecimento relativamente raro, as chances de que isso tenha ocorrido são bastante pequenas.

A falta de espécimes viáveis não seria o único problema. Além disso, a maior parte dos fósseis de insetos encontrados em âmbar são novos demais para conter sangue de dinossauros - os dinossauros já estavam extintos quando os insetos foram aprisionados. Muitos insetos decaem de dentro para fora quando capturados, o que não deixa nada em seu interior para que os cientistas procurem extrair. Por fim, a amostra teria de ser muito seca, já que o ADN se rompe facilmente na presença de água.

Mas, caso os pesquisadores encontrassem um mosquito perfeitamente preservado, com um corpo repleto de sangue de dinossauro, recuperar seu ADN ainda assim seria difícil. O sangue com o ADN do dinossauro estaria cercado pelo corpo de um inseto, que tem seu próprio ADN. Também poderia existir ADN de outras células aprisionadas no âmbar e capazes de contaminar a amostra. Por fim, é claro, haveria o ADN existente no laboratório e nos corpos dos pesquisadores encarregados da extração.

ADN em âmbar

A idéia de extrair ADN do âmbar não se limita ao cinema. O primeiro sucesso registrado com essa técnica no mundo real surgiu em 1992, quando cientistas relataram ter descoberto o ADN de uma abelha extinta em uma porção de âmbar encontrada na República Dominicana. Outros anúncios de extrações bem sucedidas se seguiram. Mas existem algumas controvérsias quanto a essas descobertas. Em alguns casos, novas pesquisas negaram a afirmação inicial; em outros, os pesquisadores simplesmente não conseguiram reproduzir a extração original do ADN.

Os cientistas fictícios de "Jurassic Park" tentam superar essa dificuldade combinando o ADN de dinossauros ao de rãs. Mas isso seria como tentar montar um quebra-cabeças de bilhões de peças usando peças de dois jogos diferentes. Além disso, as rãs provavelmente não seriam as melhores candidatas a fornecer ADN substituto. Hoje, uma das teorias dominantes sobre o destino dos dinossauros é que eles tenham evoluído em forma de aves, não de rãs.

Além de tudo isso, a forma mais comum de clonagem usada hoje em animais é a transferência nuclear. Os cientistas inserem o núcleo de uma célula em uma segunda célula da mesma espécie, depois de destruir o núcleo da célula receptora. Não existem células de dinossauros ou ovos de dinossauros que pudessem hospedar o novo conjunto de ADN. Os pesquisadores teriam de descobrir uma nova maneira de permitir que o ADN crescesse em forma de dinossauro vivo.

Assim, o método de "Jurassic Park" não funcionaria. Será que existem outras formas de trazer dinossauros de volta à vida?

Além de usar ADN de insetos aprisionados no âmbar, existem diversas teorias sobre métodos que cientistas poderiam usar para clonar dinossauros. Uma delas envolve localizar espécimes de ADN (em inglês) em ossos fossilizados e não nos corpos dos insetos. O processo de fossilização envolve substituir o tecido orgânico dos ossos dos animais por minerais. Isso efetivamente destrói as células que poderiam conter ADN.

Mammoth skull
Koichi Kamoshida/Getty Images
Um mamute congelado descoberto na zona de tundra gelada da Sibéria, em exposição na Global House, em Nagakute, Japão, em 18 de março de 2005

No entanto, uma equipe de paleontólogos descobriu o que parecem ser tecidos macios nos ossos de um Tyranossaurus rex. Foi uma descoberta completamente imprevista: até aquele momento, os cientistas acreditavam que todos os tecidos macios fossem destruídos no processo de fossilização. No entanto, a equipe de pesquisa ainda não isolou o ADN das amostras de tecidos macios obtidas. Embora a descoberta não necessariamente garanta que os pesquisadores virão a encontrar ADN intacto em fósseis, ela torna a idéia mais provável do que parecia alguns anos atrás.

Outra idéia intrigante é que pesquisadores sejam capazes de seqüenciar o ADN dos dinossauros e recriar as porções de ADN necessárias. A esta altura, isso não é possível. O seqüenciamento do genoma humano, por exemplo, demorou 13 anos e o produto final do processo não era algo que cientistas pudessem usar para clonar pessoas. Reconstruir seqüências completas de ADN de dinossauros requereria tecnologia bem distinta daquela que existe atualmente.

Isso nos deixa com uma alternativa interessante à clonagem de dinossauros - a clonagem de mamíferos extintos, como os mamutes. Fósseis de mamutes são significativamente mais novos do que fósseis de dinossauros - têm apenas 30 mil anos de idade. Essa diferença de idade dá ao ADN muito menos tempo de decomposição. Mas um projeto de clonagem de um mamute requereria um espécime perfeitamente preservado. Os tecidos do mamute não poderiam ter passado por ciclos de congelamento e descongelamento, nem tampouco sido preservados a temperaturas extremamente baixas, capazes de prejudicar o ADN. No entanto, a idéia de reunir os indícios necessários para avaliar com mais detalhes a composição genética de um mamute não é completamente insensata. Em 2005, uma equipe de pesquisa relatou ter seqüenciado um trecho do genoma de uma mamute.

Uma segunda opção para trazer mamíferos extintos de volta à vida seria usar esperma fossilizado para inseminar os óvulos de mamíferos aparentados. O animal resultante seria um híbrido, com apenas metade do código genético do mamute macho que serviria como pai. Um projeto para fazer exatamente isso foi proposto por uma equipe de pesquisa japonesa em 2006 [fonte: Times Online].

Esses avanços na paleontologia e na tecnologia genética tornaram a idéia de clonar dinossauros um pouco mais provável para o futuro distante. Mas a possibilidade continua a ser pequena, especialmente no horizonte de tempo de nossas vida.

Fonte: howstuffworks

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