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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Especial de Ferias

A vida boa da

PREGUIÇA

Rapido, pegue a câmera!", eu disse a minha irmã quando vi uma preguiça esver­deada na minha frente em uma trilha na selva. Demos risada quando percebemos que não ha­via razão para tanta pressa — a preguiça é um dos animais mais lentos do mundo.

Para conhecer melhor esse mamífero, visi­tei o zoológico Ave, em La Garita de Alajuela, Costa Rica. Mais do que apenas um zoológico, é um centro de resgate, reabilitação e devolu­ção de animais nativos para o ambiente selva­gem. Ali, conheci a bióloga Shirley Ramírez, uma dedicada diretora de pesquisas do zooló­gico que me levou para conhecer uma pregui­ça chamada Pelota, que em espanhol signifi­ca "bola". De fato, para dormir as preguiças se enrolam como se fosse uma bola. Pelota é uma preguiça-de-dois-dedos, do tamanho de um cachorro pequeno, com uma pelagem fofa, nariz arrebitado e grandes e chorosos olhos castanhos.

Aprendi que as preguiças são animais solitá­rios que em média dão cria a apenas um filho­te por ano. Nas primeiras quatro a seis sema­nas até ser desmamado, o filhote fica agarrado na barriga da mãe e talvez continue assim por mais cinco a oito meses. Parte desse período, a mãe pega com a boca folhas macias e de fácil digestão e alimenta o filhote. Mas, com o tem­po, ele aprende a pegar as folhas sem precisar se desgrudar da mãe. A preguiça aproveita esse período que fica com o filhote para mostrar-lhe o pequeno território onde ele vai viver.

Tipos de preguiça

Descobri que aquela que vi na selva era uma preguiça-de-três-dedos. Tinha cauda curta e grossa, pelagem arrepiada, membros dianteiros maiores que os traseiros, uma mancha dourada entre os ombros e o que parecia ser uma más­cara preta em volta dos olhos. Esse tipo de pre­guiça tem nove vértebras no pescoço, o que lhe permite fazer quase uma volta inteira com a ca­beça para procurar suas folhas favoritas. Mas por que ela é esverdeada? Shirley explica: "Por causa das algas que crescem na pelagem."

Já a preguiça-de-dois-dedos tem membros dianteiros quase do mesmo tamanho que os traseiros. Seu pêlo é comprido, marrom-dourado e macio.

A preguiça passa seus dias tomando sol na copa das árvores. A temperatura do seu corpo pode oscilar conforme a temperatura do am­biente, de 24°C à noite a 33 °C durante o dia — a maior variação de temperatura corporal de to­dos os mamíferos. A preguiça tem tão pouca massa muscular que não consegue tremer para se aquecer. Por isso, dorme frequentemente en­rolada como uma bola. Sua fina pelugem serve de isolante. E ela merece o nome que tem, pois chega a dormir 20 horas por dia!

Preguiçosa até na digestão

Visto que a digestão utiliza o calor do cor­po para realizar a atividade bacteriana e a fermentação, a baixa temperatura do corpo da preguiça faz com que seu ritmo metabó­lico seja incrivelmente lento. Pode demorar até um mês para que folhas passem por todo o processo de digestão nos diversos compar­timentos de seu estômago antes de chegar ao intestino delgado. Durante a estação das chuvas, que inclui muitos e sucessivos dias frios, as preguiças podem morrer de inanição mesmo com o estômago cheio de comida. "Para as preguiças", explica Shirley, "o ca­lor do sol é indispensável à digestão".

Shirley acrescenta: "Como funcionária que cuida dos animais e limpa suas jau­las, o que mais gosto nas preguiças é que elas fazem suas necessidades apenas uma vez por semana. Para isso, elas descem ao chão, cavam um buraco e enterram o ex­cremento. É a única coisa que fazem no solo."

Projetadas para viver de cabeça para baixo

As preguiças fazem quase tudo pendu­radas nas árvores: comem, dormem, aca­salam e dão cria. Esses pequenos mamífe­ros foram engenhosamente projetados pelo Criador para viver de cabeça para baixo. Para se pendurarem, usam suas garras de 7 centímetros que se prendem e travam nos galhos e trepadeiras. A pele da pregui­ça não fica encharcada com as chuvaradas porque seu pêlo cresce de forma diferente, do ventre em direção ao dorso exatamente no sentido contrário do pêlo dos ani­mais que vivem no solo, permitindo que a água da chuva escorra. Embora a pregui­ça seja deselegante e desajeitada no solo, quando está nos galhos ela se move com graciosidade. E, por incrível que pareça, é uma excelente nadadora.


De tudo que aprendi sobre essas quietas moradoras das copas das árvores, duas coi­sas se destacam. Primeiro, a preguiça tem uma habilidade surpreendente de recupe­ração. Mesmo ferimentos graves saram de­pressa e raramente ficam infeccionados. Ela até resiste a doses de venenos que se­riam letais para outros mamíferos. Assim, um estudo mais profundo do sistema imu-nológico desse animal poderia ser útil em pesquisas médicas. Segundo, seria bom que as pessoas que estão sempre com pres­sa e estressadas imitassem até certo pon­to o ritmo tranquilo e a natureza calma da preguiça. — Contribuído.



Um comentário:

Biosfera disse...

Muito interessante a abordagem sobre a Preguiça. Acho um animal fascinante.

Parabéns pelos textos, pelo blog e pela iniciativa...

Abração


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